Bom dia meninas!
Hoje é dia de desabafo...
Ontem foi um dia muito difícil para mim e para a minha família! Não há palavras para descrever todo este sentimento que vai dentro de mim...
Todos me dizem "muita força" e é isso que vou procurar continuar a ter daqui para a frente, mas não é nada fácil!
E se hoje já está muito difícil, amanhã então nem sei... :(
A vida prega-nos muitas partidas, e esta sem dúvida é muito grande. Ainda não caí em mim que o meu querido pai, o meu sábio, super culto e companheiro, me deixou, e não vou poder mais vê-lo, nem ao seu sorriso.
Resta-me as lembranças boas de como era um homem íntegro, culto e muito inteligente, um excelente pai, sempre atento e "babado" por todas as minhas conquistas, das nossas imensas e longas conversas sobre tudo e sobre nada...
Sempre preocupado para que nada me faltasse, para que crescesse com bons valores e para que fosse uma boa menina.
Que dor tão grande que eu sinto... meu deus... porque me abandonaste?
O meu querido paizinho que eu amo tanto... nem sei mais o que dizer ou o que sentir... estou tão dormente que parece que ainda nem caí em mim!!
Desculpem estes desabafos, mas há momentos em que não há mesmo outra hipótese se não "deitar cá para fora"!
Para quem não sabe, foi diagnosticado ao meu pai, cancro do pulmão no dia 19 de Março (dia do pai) deste ano, por isso nem tive tempo para digerir toda esta situação...
No entanto, queria contar-vos como tudo isto aconteceu...
Depois de algum tempo com o diagnóstico de uma suposta gripe que teimava em não passar, decidimos marcar vários exames na clínica CUF em Torres Vedras, de onde fomos encaminhados para o IPO de Lisboa para exames mais aprofundados.
E, no dia 19 de Março, foi-lhe diagnosticado então, a pior das doenças... esta maldita doença que a todos apanha desprevenidos.
O médico viu logo que o pulmão esquerdo não estava a funcionar e, nesse mesmo dia foi feita uma broncoscopia rígida, tendo-lhe sido colocado uma prótese nesse pulmão, para que respirasse melhor. - Pois o meu pai sentia-se muito cansado a fazer seja o que for.
Depois disso, foi-lhe então proposto fazer quimioterapia e, em simultâneo, participar num ensaio clínico com um novo medicamento a ser também administrado.
As expectativas eram elevadas, iria melhorar com certeza, determinação e com todo o meu apoio e de toda a família que cá estávamos para lhe dar.
Fizemos todos os exames necessários para a sua preparação, mas o meu pai, ao longo dos dias, começou a ficar com falta de ar e cada vez mais cansado.
Foi então que, no dia anterior a começar a fazer (supostamente) a quimioterapia, foi fazer uma nova broncoscopia para modificar a prótese posta anteriormente, para que respirasse melhor e aguentasse os tratamentos.
Quis Deus que ele, depois de se despedir da minha mãe e de ser sedado para o exame, assim ficasse... porque o coração não aguentou!
Não é justo... não mereceu partir tão cedo... foi horrível... estar a minha mãe naquele corredor do hospital, sozinha, e o médico chegar e dizer-lhe que estavam a fazer os possíveis, mas que não devia passar daquele dia.
Naquele momento, a minha mãe ligou-me e pediu-me para que fosse para casa, porque precisava de falar comigo!
Quando me contou o sucedido caiu-me tudo ao chão... nem queria acreditar... Não sabia se gritava, se chorava, se dava murros, se fugia...
Fui então a Lisboa para me "despedir" do meu pai enquanto o coração ainda dava as últimas batidas, estimuladas pelo ventilador!
Acho que nada acontece por acaso, pois até o dia para o seu funeral parece ter sido escolhido... O dia "25 de Abril"...
Ao fim ao cabo ele viveu aquele dia intensamente, nas ruas de Lisboa e não há dia de que tivesse mais orgulho do que daquele...
Durante a minha vida ouvi muitas histórias do 25 de Abril pela sua boca... Sempre muito orgulhoso e convicto das suas palavras e ideais!
E, no meio de tanta dor e angústia, o que me consola é saber que ele não sofreu e não sentiu nada... tudo o resto fica para depois...
Por fim, resta-me agradecer a todas as pessoas amigas que me dirigiram palavras de carinho a mim e à minha mãe...
Pois, ao longo da vida, lidamos com muitas pessoas em muitas situações... e, para ser sincera nunca pensei que tivesse tanta gente amiga, que se importasse realmente comigo e com o meu pai e que tanta gente fosse ao seu funeral para me apoiarem... Porque o cemitério encheu-se mesmo de gente e isso para mim, foi um gesto muito bonito e muito importante para mim MESMO.
Não tenho palavras para agradecer...
Descansa em paz meu pai... e "Até já" ♡